Pela terceira vez consecutiva, o Banco Central (BC) manteve os juros básicos da economia. Por 6 votos a 2, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve nesta quinta-feira (25) a taxa Selic em 14,25% ao ano. Os juros básicos estão neste nível desde o fim de julho. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no nível de outubro de 2006.
Dois dos diretores da autoridade monetária (Tony Volpon, Assuntos Internacionais, e Sidnei Corrêa Marques, de Organização do Sistema Financeiro) votaram pelo aumento dos juros, para 14,50% ao ano, mas foram vencidos pela maioria. Outros cinco diretores e o presidente da instituição, Alexandre Tombini, votaram pela manutenção dos juros.
A decisão do Banco Central de manter novamente os juros estáveis confirmou expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro.
A Selic é o principal instrumento do BC para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Oficialmente, o Conselho Monetário Nacional estabelece meta de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. No entanto, no último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado no último dia 20, o Ministério do Planejamento estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano em 9,99%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula 9,93% nos 12 meses terminados em outubro. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará 2015 em 10,33%. Este ano, a inflação está sendo pressionada pelos aumentos de preços administrados como energia e combustíveis e pela alta do dólar, que influencia o preço dos produtos e das matérias-primas importadas.
Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa um ano de recessão, com queda na produção e no consumo. Segundo o boletim Focus, analistas econômicos projetam contração de 3,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2015. O Ministério do Planejamento prevê redução de 3,1%, segundo o último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas.
A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle da inflação.
"Decisão do BC já era esperada", diz presidente da ACSP e Facesp
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), repercute a decisão do Copom.
"A decisão do Copom já era esperada, tendo em vista os dados ruins da economia, especialmente os do desemprego, que vem apresentando forte crescimento. O que esperamos agora é que o governo aprofunde o ajuste fiscal, para que o Banco Central comece a reduzir as taxas de juros e, assim, a economia possa voltar a se recuperar".