A atividade da indústria paulista deverá encerrar 2015 em queda de 5,8%, de acordo com o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São de Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Segundo dados levantados pelo departamento, o desempenho do setor caiu 0,5% em julho, em comparação com o mês anterior, na leitura com ajuste sazonal. O resultado reflete a trajetória de queda que a indústria tem percorrido nos últimos anos.
De acordo com o diretor do Depecon, Paulo Francini, perspectivas para o futuro são pessimistas e ainda não há sinais de recuperação. "O panorama da indústria hoje é muito triste. Não estamos falando mais de uma pequena redução. São indústrias, empresas e setores que vão inviabilizando-se na sua continuidade", explica.
Após os desfechos negativos de julho, os responsáveis pela pesquisa refizeram sua projeção anual, que antes era de queda de 5%. Agora, estimam que 2015 somará uma retração de 5,8% no setor industrial do Estado.
Na opinião de Francini, o Brasil vive a mais longa recessão desde a década de 1980. O Depecon também revisou sua projeção em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Antes, estimavam um recuo de 1,7% na economia; agora, avaliam que a queda será maior, de 2,2%.
"A economia está em recessão, mas existe um grupo que estuda o tema e que chegou à conclusão que ela está em recessão desde o segundo trimestre de 2014, ou seja, é longa e vai prosseguir até o final de 2015. Essa é a mais longa recessão que tivemos desde a década de 1980", pontua o diretor do Depecon. Ele corrobora a tese do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), criado pela FGV em 2008, de que a economia brasileira está em recessão desde abril de 2014.
Brasil está em recessão desde o 2º trimestre de 2014, alerta FGV
Dos 20 setores pesquisados pelo Depecon, 14 registraram piora em sua atividade em julho. Entre as perdas, destaque para a indústria de máquinas e equipamentos, que caiu 3,4% na comparação com o mês anterior, em meio a perdas de 8,8% na variável "Total de Vendas Reais" e da queda de 2,2% das "Horas Trabalhadas na Produção".
O setor de borracha e plástico também registrou queda expressiva, de 1,3%, influenciado por perdas de 1,5% no "Total de Vendas Reais" e de 0,4% em "Horas Trabalhadas na Produção".
Na contramão, a indústria de papel e celulose registrou alta de 2,2% da atividade em julho, versus o mês anterior. A variável "Total de Vendas Reais" puxou o índice para cima, com aumento de 3,2% no mês, enquanto o componente "Horas Trabalhadas na Produção" subiu 0,1%.
A percepção do setor produtivo para agosto, em relação à economia de um modo geral, registrou 48,4 pontos, ante 47,8 pontos em julho, com ajuste sazonal. No entanto, a variável "Mercado" foi a única que apresentou melhoras, de 48,9 pontos no mês passado para 52,6 pontos este mês.
Leituras em torno dos 50 pontos indicam percepção de estabilidade do cenário econômico. Abaixo dos 50 pontos, o sensor sinaliza queda da atividade industrial para o mês; acima desse nível, expansão da atividade.